11 de dez. de 2011

O direito de ser gorda

Um texto interessante, indicado por @mocadosonho e publicado aqui.


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Eu sempre tive amigas gordinhas, que viviam reclamando do seu peso. A maldita barriga é a campeã de reclamações. Na realidade, eu nunca entendia direito qual era o problema. Estavam sempre saudáveis, bonitas, eram cobiçadas, tinham vaidade. Por quê diabos a peocupação exagerada em emagrecer?
Lógico, pra mim era fácil pensar assim, nunca precisei fazer dieta, sempre fui magra “de ruim”. Até que a depressão me fez tomar remédios que abriam o apetite e engordei mais de 13 quilos em dois meses. O mais engraçado é que a pessoa que eu mais admiro, de longe, a Alanis também começou a ficar cheinha, com braços enormes e começou a falar sobre a pressão que existe em L.A. para as pessoas estarem sempre magras. E aí eu comecei a compreender.


O grande problema não é o peso em si, mas a pressão. Eu também não estou feliz com meu braço e com a minha barriga, eu fico horrorizada, porque não estou acostumada, cada vez que reparo no espelho. Como pode crescer tanto? Eu reclamo o tempo todo, faço piadas, mas e a atitude? Não tomo nenhuma. Porque isso não me incomoda na realidade. Não faz eu me sentir pior perante as outras, não faz eu me sentir unsexy. Pelo contrário, até percebi que as cantadas na rua aumentaram. Apesar do braço e da barriga. Eu olho meu rosto e acho mais saudável, eu acho engraçado estar cheinha, nunca estive assim na minha vida. Antes eu tinha aparência frágil de doente. Eu gosto dos seios terem crescido, da perna roliça. Eu não sinto necessidade de usar roupas largas pra tentar disfarçar, eu me sinto bem como eu estou. O grande problema é que parece que eu não tenho esse direito. As pessoas parece que se transformaram. Gente que eu nunca vi se preocupar com corpo e aparência na vida começa a falar “meu deus, não quero isso pra mim”, as pessoas parecem horrorizadas, todo mundo dá milhões de dicas de dietas, manda fazer excercício, manda fechar a boca, isso e aquilo. Ninguém leva em consideração que eu não quero nada disso, que eu me sinto bem da maneira que estou. Que não adianta minha mãe dizer que eu estou com uma “pança horrível”, eu continuarem usando ribanas e sentando sem o menor pudor da barriga aparecer. É uma pressão gigantesca para ser magra, como se ser gorda fosse alguma aberração. Me tratam como se eu fosse uma coitada, mesmo eu não concordando com nada disso. Mesmo eu me negando a cortar meu prazer de comer o que quiser em vez de passar a vida comendo biscoito de água e sal. Mesmo eu passando horas lendo ou vendo filme, porque isso me faz bem como ser intelectual, em vez de passar horas malhando em academia.


Eu acho que as pessoas deveriam deixar mais as outras serem como são e como querem ser. A pressão para ser magra e “bonita” (?) é muito grande, vem até quando você não está se sentindo feia e nem desconfortável. Pegam pesado, chamam de desleixo, como se se manter magra fosse alguma obrigação a se manter na vida. Como se se precisasse realmente disso para ser feliz.
Eu sigo minha vida de mais nova gordinha do pedaço, infelizmente com a barriga grande, mas estou saudável, estou feliz e minha vida sexual vai muito, bem, obrigada.
E sigo esperando que as pessoas me deixem ter o direito de ser feliz assim.

By Renata Arruda
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2 comentários:

Unknown disse...

Olha, nunca ví um texto tão explícito de como ser feliz como realmente vc é...
Amei, e isso é td.
Bjsss

Janete disse...

Parabéns pelo texto! É isso mesmo, a gente tem que ser feliz pra gente mesmo, não temos obrigação de agradar ninguém. Me identifiquei muito com sua história, tbm sempre fui magérrima, (magra mesmo), depois que tive meu filho, engordei muito, hj já estou magra(não como antes), mas o corpo da gente muda mesmo, a barriga principalmente, e mesmo sem perguntar ouço comentários do tipo: "Nossa vc era tão magrinha né?? Faz um regime que vc volta..." Como se dissesse que agora eu estou horrível, GORDA, mas eu me sinto ótima, feliz,e saudável que é o que importa, vez ou outra maneiro em alguma coisa, evito outras, mas não acho que vou ser mais feliz e nem mais saudável vivendo só de alface, a saúde vem de dentro pra fora, e isso se revela na auto estima, e eu estou ótima, mesmo com uma barriguinha mais saliente, uns poucos quilinhos a mais, e é isso que importa. Bj