17 de nov. de 2011

[ eudaimonia ]


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A busca pela felicidade é tão antiga quanto a própria história, pode-se arriscar, e em um certo sentido a afirmação seria verdadeira. 
Nas primeiras páginas do Primeiro Livro daquela que é considerada a primeira obra de história no Ocidente — a História, de Heródoto —, a procura pela felicidade está listada no registro inaugural dos “grandes e maravilhosos feitos” das questões humanas. 
Creso, o riquíssimo rei de Lídia, havia recrutado à sua presença o itinerante sábio Sólon, legislador de Atenas e homem que viajou por boa parte do mundo em busca de conhecimento. Ao rei lídio nada faltava, ou assim ele acreditava, e ele tenta convencer Sólon desse fato, mandando seus empregados mostrarem ao sábio ateniense todos os seus tesouros, para que ele se maravilhasse com “sua grandeza e riqueza”. Embora não lhe faltasse nada, Creso revela que tem uma única necessidade, pois está dominado pelo “desejo” de saber quem é o homem mais feliz do mundo. Tolo, acredita que esse homem seja ele próprio. A resposta de Sólon, porém, ameaça destruir essa ilusão. O homem mais feliz, afirma ele, não é Creso, mas sim Telo, um ateniense pai de família que havia sido morto no auge da vida. E os que ocupavam o segundo lugar — dois jovens irmãos chamados Cléobis e Biton — também estavam mortos; depois de terem levado a mãe a um festival, tinham morrido dormindo atrelados à carroça dela como uma parelha de bois.
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Por que a Felicidade é apontada hoje como sendo um peso? Desde as revoluções do século XVIII, ela se torn um direito com o qual nascemos e, mas recentemente, dever. Somos obrigados a ser felizes! O que resta da Felicidade quando ela vira um dever? 
Só saberemos se uma pessoa foi feliz na sua existência depois que ela morre ou temos certeza da nossa Felicidade durante o caminhar das nossas vidas?
 

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